quarta-feira, 27 de maio de 2009

França cria ticket-psicólogo para trabalhadores em crise



Uma empresa de consultoria especializada em melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho criou um produto que chama a atenção, atualmente, na França: o tíquete-Psicólogo. Depois do tíquete-restaurante, do tíquete-massagem e do tíquete-presente agora existe também o "ticket-psy".
O produto funciona da seguinte maneira: as empresas que aderem ao sistema disponibilizam aos seus assalariados de cinco a dez sessões gratuitas de terapia com um psicólogo, psicanalista ou psiquiatra escolhido livremente em uma lista de cem profissionais definida pela administradora do tíquete.
Para ter acesso, o trabalhador deve consultar o médico do trabalho, que decide se serão necessárias cinco ou dez sessões. Se a pessoa quiser continuar com a terapia, passadas as sessões iniciais, os custos passam a ser financiados pelo empregado. O médico do trabalho tem a obrigação de manter o pedido do empregado sob sigilo, quer dizer, ninguém na empresa, nem o setor de recursos humanos, deve saber quem tem acesso ao tíquete-psicólogo.
Nos dois últimos anos, o produto foi usado por poucas empresas. Mas como a idéia deu certo, a administradora decidiu ampliar a oferta do serviço. Junto com o sucesso, veio a polêmica. O presidente da sessão de ética e deontologia da Ordem dos Médicos da França criticou o tíquete-psicólogo na semana passada, alegando que a medicina não é um comércio.
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Sigilo
O doutor Piernick Cressard tem dúvidas sobre o sigilo da iniciativa. Ele acha que os profissionais de Recursos Humanos podem fazer pressão sobre o médico do trabalho e sobre os usuários. Em uma semana, o debate tomou conta dos fóruns na internet, com muita gente contra e outros a favor.
O psicólogo clínico e psicanalista, German Arce Ross, professor de Psicopatologia de Adultos na Universidade de Nanterre, acha a idéia do tíquete-psicólogo uma iniciativa interessante. Para ele, o fato de que muitos suícidios acontecem nos locais de trabalho deixa evidente o mal estar do empregado em relação à situação vivida dentro da empresa.
"Às vezes os objetivos da empresa favorecem os conflitos entre as pessoas", diz o psicólogo defendendo globalmente a idéia de enfrentar muitos dilemas do empregado. "É interessante que as pessoas possam ir para um trabalho de elaboração de palavras", afirma Arce Ross.
A psicóloga clínica e psicanalista brasileira Lúcia de Rezende vê prós e contras no tíquete-psicólogo. "Por um lado é uma boa iniciativa para casos críticos onde pessoas não podem contam com amigos, familiares que dissessem : olha, você está precisando de ajuda" diz ela. Mas ela alerta que os resultados esperados podem não ser atingidos: "as cinco ou dez sessões, podem ajudá-lo a respirar, sair de uma situação de crise mas não vai ajudar a resolver um problema que é mais profundo", afirma.
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FONTE : RFI.COM

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